quarta-feira, 23 de novembro de 2011

NESTA QUINTA O CINE CULTURA TIMBIRAS 
APRESENTA:
VIOLÊNCIA URBANA
A violência cotidiana, uma das maiores mazelasda sociedade brasileira, não podia ficar
fora da mira dos nossos cineastas. Eessa seleção de seis curtas-metragens sobre
o tema mostra que ela está presentetanto nos grandes centros ? caso dos cariocas
Rota de colisão (Roberval Duarte) eBala perdida (Victor Lopes), e dos paulistas
O trabalho dos homens (Fernando Bonassi)e Balaio (Luiz Montes) ? como em
outras regiões do país, exemplificadas porJoão Pessoa (O cão sedento, de Bruno de
Sales) e Cuiabá (Baseado em fatos reais,de Bruno Bini).

  
Crítica

BANG-BANG NAS METRÓPOLES BRASILEIRAS
João Carlos Sampaio

Histórias que transportam para a ficção as ocorrências policiais dos grandes centros urbanos do país inspiram os seis curtas-metragens desta seleção, que reúne obras rodadas entre 1998 e 2005.

Dois atiradores de elite se posicionam no terraço de um prédio em São Paulo, aguardando a ordem para executar um seqüestrador. Enquanto esperam o momento de agir, conversas sobre comida e amenidades cotidianas povoam os diálogos de O trabalho dos homens (1998), de Fernando Bonassi. Ele trabalha o acessório como principal, tanto que a violenta ação em curso é vista à distância, numa inversão interessante do foco narrativo.

O curta carioca Rota de colisão (1999) trata do roubo de pedras preciosas, a partir do envolvimento de três personagens. Um operário em sua hora de folga, um garoto aficionado por jogo de gudes e um ladrão em fuga vão se encontrar na trama criada por Roberval Duarte. Ele filma em preto e branco, experimentando texturas. Com uma dramaturgia ultra-realista, não usa diálogos e brinca com as muitas variáveis para a solução da história.

Inspirado em conto do escritor Marçal Aquino, Balaio (2004) apresenta um tenso encontro no bar, que envolve matadores, bandidos e policiais. A ambientação lembra os filmes de faroeste, só que a terra-sem-lei dessa fita é o subúrbio paulistano, em pleno século 21. O diretor Luiz Montes divide a tela em vários quadros para sublinhar as ações simultâneas. O recurso aumenta a tensão da montagem e dá ênfase aos mínimos gestos dos personagens.
Uma locução radiofônica abre a narrativa de O cão sedento, curta paraibano assinado por Bruno de Sales, sobre um assassino em série, que rouba e mata sem deixar vestígios. Trabalha com elementos de suspense, revelando apenas ao espectador os subterfúgios do criminoso, enquanto a polícia e os outros personagens mostrados na trama continuam em busca de respostas. Destaque para o uso de intervenções gráficas, com desenhos que imitam histórias em quadrinhos.

Um exercício de montagem interliga os acontecimentos paralelos de Bala perdida (2004), cuja intersecção mais marcante se dá com a presença sonora de estampidos de tiros e de uma buzina de carro. A ação mostra a tranqüilidade numa praça carioca interrompida por disparos capazes de atingir alvos inocentes. A direção é de Victor Lopes, que levanta o tema sobre a crescente sensação de insegurança nas metrópoles.

Sexo, drogas, rock?n?roll e carros em velocidade preenchem o universo adolescente de Baseado em fatos reais (2001), curta matogrossense dirigido por Bruno Bini, que fecha este painel sobre a violência urbana. A fita recorre a clichês das tramas policiais para contar a história de três rapazes de classe média, cujas vidas são alteradas depois de uma noite de excessos. O filme discute a natureza moral do crime, dando à luz reflexões morais e uma crítica social à impunidade.

*João Carlos Sampaio, 37 anos é jornalista e crítico de cinema. Escreve para veículos impressos e atua também como comentarista em programas de rádio e TV.7
 
 

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